Por que meu filho não para quieto?

Queixa recorrente na clínica e nas escolas, que deixa pais e professores de cabelo em pé é o fato de as crianças não pararem quietas. Mas como assim, não parar quieto? Visto como "o pestinha" que pinta e borda no restaurante, não senta na carteira escolar, não fixa-se nas brincadeiras, não faz o que pais e professores pedem.
Mas, o que pode ter esta criança? Nossos avós diriam que é uma criança sapeca, outras pessoas diriam que é "sem educação" e talvez os pais pensassem será que ele não sofre do Transtorno de Déficit de Atenção?
Todas estas alternativas podem estar corretas, mas as possibilidades devem ser bem avaliadas para que a criança tenha a chance de ser atendida de acordo com a sua necessidade.Vamos pensar um pouco juntos:
Quantos anos esta criança tem? 

Até os 3, 4 anos, exigir que uma criança fique sentadinha fazendo as atividades da escola por quatro horas é tarefa quase impossível. Com suas conexões cerebrais a todo vapor, apreendendo o mundo ao seu redor, ela não conseguirá focar-se nas tarefas por muito tempo, seu corpo ainda nem está preparado para isso.

Você se atenta ao fato de esta criança enxergar ou ouvir bem? Alguns problemas físicos (que devem ser devidamente detectados e tratados) fazem com que a criança não se interesse pela atividade proposta, seja assistir a um filme na tv, fazer um pintura na escola, prestar atenção na aula... É sempre bom ter um pediatra de confiança e solicitar suas recomendações quando necessário. Aliás, a criança deve fazer consultas de rotina, e não apenas visitar o médico quando está doente.
Seu pimpolhinho tem uma rotina em casa? 

Por mais difícil (e à.s vezes visto como chato ou cansativo pelos pais) a rotina é um fator estruturante na vida das crianças. Saber com quem vão ficar, a que horas vão comer, até que horas ficarão na escola por exemplo, as deixa mais seguras e tranquilas, diminuindo a irritabilidade que pode ser manifestada pelos comportamentos de desobediência ou inquietude.

Ele tem um tempo dedicado só a ele?

Sim, só a ele, sem interferência do trabalho, do celular, da novela... Para sentir-se amparada, a criança necessita sentir que é importante para aquele meio, que o que sente, fala e faz é um diferencial na vida dos que o cercam. Ler para ela, conversar, levar para passear é muito importante.

Esta criança faz alguma atividade física? 

A atividade física não deve ser vista apenas com uma possibilidade para tratarmos a obesidade infantil e suas comorbidades (presentes em muitas crianças hoje). Ela é um caminho para que possam extravasar sua energia, conhecer o mundo em que vive e são base para um bom aprendizado formal, além de permitirem que as crianças aprendam a seguir regras e conviver com outras crianças e adultos por exemplo.

Você dá limites a ele? 

Pode parecer difícil, cansativo, por algumas vezes irritante, mas fazer combinados e cumprí-los com as crianças, estipular horas para as suas atividades, e mostrar o que está certo ou errado é de fundamental importância para um crescimento saudável. Sem este "controle", eles não aprendem até onde podem e devem chegar e o mau comportamento aparece. Não se trata de robotizá-los de deixar de ter o amor deles devido aos nãos, mas sim, ensiná-los a viver em um mundo onde não se pode apenas viver pelo princípio do prazer fazendo-se apenas o que se deseja.



Ela está passando por alguma"fase difícil"?

Mudanças, separação dos pais, nova escola, nova babá, podem mexer muito com a criança. Aspectos emocionais não revelados e não trabalhados, trazem sofrimento psíquico que podem transparecer através da agitação.

Ele é um candidato a ter o chamado Transtorno de Déficit de Atenção/ (TDAH)? Muito discutido atualmente e muitas vezes mal diagnosticado, fazendo crianças sem a problemática serem rotuladas e medicadas, este transtorno não é tão comum quanto parece. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção apenas 3 a 5% da população mundial passam por este problema.Caracterizado por desatenção (parece não ouvir quando falam com ele,tem dificuldades de organizar tarefas, por exemplo) hiperatividade (não termina uma atividade, fala ou corre demais, mexe braços ou pernas) e impulsividade (dá respostas antes das perguntas, não consegue aguardar sua vez, por exemplo). Este transtorno tem que ser muito bem avaliado por uma junta de profissionais, entre eles o pediatra, psicólogo, o professor da criança para que realmente seja corretamente diagnosticado e tratado, sem que ocorram prejuízos para criança.



Ufa! Quanta coisa a ser pensada antes de julgar a criança ou seu ambiente, não é mesmo? Os pais devem ser devidamente orientados para que esta criança e sua família possam ser felizes e conviverem em harmonia. Na dúvida, procure a orientação de seu psicólogo de confiança.

POR VIVIAN CAMILA

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